A Prefeitura Municipal de Araçatuba
Ex-Prefeitos
Waldir Felizola de Morais

Waldir Felizola de Morais

De 1973 a 1977

O pecuarista e industrial Waldir Felizola de Moraes foi prefeito de Araçatuba entre 1º de fevereiro de 1973 e 31 de janeiro de 1977.

 

FAMÍLIA

Felizola nasceu em 24 de novembro de 1932, em Araçatuba. Era filho de João Flávio de Moraes Filho, que pertencia a uma família pioneira no município, e Maria Aparecida Pereira Felizola.

 

Era irmão do médico Olair Felizola de Moraes e da também pecuarista Alcir Felizola de Moraes Picolotto, apelidada de Cici Picolotto, que foi um dos nomes mais conhecidos da sociedade araçatubense.

 

Felizola foi casado com Wilma Lourdes Benez. Deixou dois filhos: João e Waldirzinho.

 

UPA

Waldir Felizola de Moraes foi proprietário da Pedreira São João, fornecendo, durante muitos anos, britas para construções e pavimentações asfálticas de muitas cidades da região de Araçatuba.

 

Foi eleito prefeito após pouco mais de um ano de intervenção federal em Araçatuba. Ele fazia parte do movimento UPA (União Pró-Araçatuba), criado em 1970 em oposição aos grupos de João Batista Botelho (Cuiabano) e Sylvio José Venturolli, que tinham alternância no poder desde 1960.

 

Seu vice, o médico Oscar Luiz Ribeiro Gurjão Cotrim, foi também seu sucessor no Executivo.

 

RODOVIÁRIA E PAÇO MUNICIPAL
A antiga rodoviária de Araçatuba ficava em uma área no centro da cidade, com entrada pela Rua 15 de Novembro e saída pela Rua Tupi. Com o tempo, passou a não comportar mais a quantidade de ônibus de passageiros que recebia diariamente, obrigando muitos dos veículos a estacionarem na rua.

 

Para resolver o problema, o prefeito Sylvio José Venturolli decidiu construir uma nova rodoviária. O local escolhido foi um terreno na Vila São Paulo, entre as ruas Coelho Neto, Silva Jardim e Liberdade, que fica ao lado da Avenida Brasília, facilitando a chegada de ônibus que vinham pela Rodovia Marechal Rondon. 

 

A obra foi iniciada ainda em seu mandato. O projeto previa uma rodoviária com arquitetura diferenciada e moderna, marcada por grandes arcos de concreto. Na parte inferior do imóvel, de frente para a Rua Liberdade, circulariam ônibus e passageiros. Na parte superior, com entrada pela Rua Coelho Neto, seriam instalados estabelecimentos comerciais, numa espécie de minishopping.

 

Com o fim do mandato de Venturolli, em 1968, não houve tempo de concluir a obra. O prefeito João Batista Botelho, o Cuiabano, e o interventor Alfredo Yarid Filho, que foram seus sucessores, não deram sequência à construção. 

 

Quando o prefeito Waldir Felizola de Moraes assumiu, em 1973, foi procurado pelo então presidente da Câmara, Hirome Hara, sugerindo que o Legislativo ocupasse o prédio da Praça Nove de Julho, que havia sido reformado por Venturolli, e a Prefeitura mudasse para outro lugar, mais amplo. Naquela época, a Casa de Leis estava instalada no Edifício Arbex, na Praça Rui Barbosa. 

 

Felizola, então, teve a ideia de concluir a obra iniciada por Venturolli e instalar o Paço Municipal na área superior do novo prédio da rodoviária, porque não havia demanda suficiente na época para a quantidade de lojas que era prevista. 

 

A mudança aconteceu em 15 de dezembro de 1973, sendo lembrada com uma placa instalada no corredor de entrada da Prefeitura. Como a ideia de instalação de lojas não prosperou, Felizola e outros prefeitos foram aproveitando o espaço, fazendo divisórias para novas salas, abrigando secretarias e departamentos. Desde então, Prefeitura e rodoviária ocupam o mesmo prédio. 

 

A Câmara, por sua vez, passou a funcionar na Praça Nove de Julho. Já a antiga rodoviária virou um espaço para comerciantes, com acesso pela Rua 15 de Novembro. A saída para a Rua Tupi foi fechada.

 

BANDEIRA DE ARAÇATUBA

Em 1972, seu antecessor, o interventor federal Alfredo Yarid Filho, determinou a realização de uma licitação para escolher uma bandeira para Araçatuba. O vencedor foi o arquiteto Jorge Mayoca, que propôs um fundo branco com oito losangos vermelhos.

 

Dr. Yarid, como era conhecido por ser advogado, não gostou da sugestão. Para ele, era pouco expressiva e difícil de entender. E não homologou a bandeira.

 

Quando assumiu a Prefeitura, Felizola também não gostou da proposta. Como havia nomeado o professor Juvenal Paziam para o cargo de diretor de Compras e Patrimônio da Prefeitura, pediu a ele, em 1973, que criasse uma bandeira para Araçatuba.

 

Paziam afirmou que não entendia de heráldica e, por isso, não se sentia preparado para tamanho desafio. Felizola argumentou que ele era professor e, por isso, daria conta do serviço. Paziam, então, começou a estudar como seria uma bandeira que representasse bem o município.

 

Santo Antônio do Aracanguá ainda fazia parte de Araçatuba, por isso o desenho do mapa do município era semelhante aos contornos do Brasil. A primeira ideia de Paziam foi uma bandeira com fundo azul e o mapa de Araçatuba na cor branca, cortado por uma faixa, semelhante à usada na Bandeira Brasileira, mas com a inscrição "Rio Tietê".

 

Como já havia um movimento para criar o município de Aracanguá, Paziam imaginou que, se a emancipação realmente ocorresse, a Bandeira de Araçatuba perderia sua finalidade, pois o desenho ficaria diferente.

 

Então, decidiu iniciar um novo projeto. Agora, a bandeira teria nove faixas horizontais, alternando entre as cores branca e azul, significando que Araçatuba é a sede da nona região administrativa do Estado. Também teria um mapa do Estado de São Paulo em fundo azul e o brasão do município ao centro.

 

As cores também tinham significado, segundo ele. O branco indicava "a paz política" que reinava naquela época. Já o azul royal representava o céu de Araçatuba.

 

A proposta agradou Felizola. O projeto foi encaminhado à Câmara Municipal e aprovado por unanimidade. Assim, a Lei Municipal 1.769, de 19/06/1974, criou oficialmente a Bandeira de Araçatuba.  

 

PRAÇAS

Felizola construiu três praças durante sua administração: a Paineiras, no Bairro Planalto, que foi batizada com o nome de seu avô João Flávio de Moraes Filho; a Praça Manoel da Silva Prates, no Jussara; e a Praça Dr. Bezerra de Menezes, no Panorama.

 

Na Praça Rui Barbosa, no Centro, Felizola mandou demolir uma concha acústica construída na gestão do prefeito Joaquim Geraldo Corrêa. Zizinho, como era conhecido, derrubou o coreto original e o substituiu por algo "mais moderno" durante as comemorações do cinquentenário de Araçatuba, em 1958.

 

Para Felizola, aquilo parecia mais uma arquibancada de concreto, lembra-se Juvenal Paziam. Por isso, no final dos anos 1970, decidiu demolir. A ideia era construir um coreto semelhante ao original, mas não houve tempo em seu mandato.

 

A obra foi realizada apenas durante a gestão de seu sucessor, Oscar Luiz Ribeiro Gurjão Cotrim, que conseguiu verba do governo do Estado. O novo coreto, inaugurado em 1981, não agradou a antigos araçatubenses, pois não se parecia com o antigo.

 

Ainda na Praça Rui Barbosa, Felizola mandou instalar quatro postes bem altos com luminárias, melhorando muito a iluminação. E decidiu trocar todos os bancos, porque tinham propaganda de empresas e foi convencido de que aquilo era "caipira". O prefeito mandou fazer novos bancos para o principal cartão-postal de Araçatuba e distribuiu os antigos nas praças da periferia.

 

ASFALTAMENTO

No Bairro Santana, as ruas eram asfaltadas até a Antônio Gomes do Amaral. Então, Felizola mandou asfaltar todas as principais, de forma longitudinal. Segundo Paziam, o prefeito alegava que quem morava em ruas de terra ficaria a menos de 50 metros do asfalto de cada lado.

 

Já a Rua do Fico era asfaltada apenas até a Rua Gonçalves Ledo. O restante era "um areião", segundo Paziam. Felizola asfaltou a via até a Anselmo Manarelli.

 

CAPELA SÃO BENEDITO

Ainda no Bairro Santana, a Capela São Benedito ficava no centro da praça com o mesmo nome. Como o poder público é laico, destaca Paziam, Felizola decidiu que a capela precisava sair de lá.

 

Então, o prefeito conversou com o bispo diocesano de Lins, cidade a qual Araçatuba era subordinada, e a capela foi transferida. Depois disso, o prédio foi demolido e a Praça São Benedito, revitalizada.

 

ZONA RURAL

Paziam também destaca o trabalho realizado por Felizola na vicinal ART-348, que liga Araçatuba a Bilac. A estrada municipal dá acesso aos bairros rurais Água Limpa, Perobal, Córrego do Roberto e Córrego Eliseu, e era muito estreita para o escoamento da safra dos produtores. Em período de chuva, os caminhões não passavam.

 

Por isso, Felizola, Paziam e o engenheiro Aguinaldo Ferraz, que foi vice-prefeito de Araçatuba, mas era seu assessor na época, fizeram reuniões com os proprietários das chácaras e fazendas que ficavam às margens, pedindo autorização para a obra.

 

Com o alargamento, a Prefeitura contratou um profissional para alterar as cercas das propriedades. Todas as subidas receberam pedregulhos para evitar que os caminhões e outros veículos ficassem atolados. Nas pontes e mata-burros, foram trocadas as estruturas de madeira por tubos de concreto.

 

GABINETE ITINERANTE

Felizola adotou um sistema diferenciado para administrar. O prefeito era encontrado em seu gabinete no Paço Municipal somente depois das 14h. O período da manhã era para percorrer os bairros.

 

E uma vez por mês, em diferentes bairros ou zona rural, Felizola levava toda a equipe para uma reunião com os líderes comunitários, ouvindo as necessidades principais dos moradores. "Ele não fazia promessas. O que podia fazer ou não, já dizia na hora. Por isso, era conhecido como o prefeito sem medo", elogia Paziam.

 

CARRO OFICIAL

Quando assumiu a Prefeitura, Felizola tinha à disposição um Opala preto. Mas decidiu trocar o veículo oficial por um luxuoso Landau.

 

O prefeito argumentava que, ao viajar para a Capital, em busca de recursos para Araçatuba, deveria chegar não com um chapéu na mão, mas com um veículo que demonstrasse que o município era grande e, por isso, tinha que ser atendido.

 

COMÉRCIO

Nos anos 1970, dificilmente um secretário de Estado visitava as cidades do Interior. Juvenal Paziam se lembra quando Felizola recebeu uma dessas raras visitas - ele não se recorda o nome do secretário estadual. O prefeito fez questão de mostrar Araçatuba ao visitante. Ao final, pediu sua opinião sobre o município.

 

O secretário elogiou a cidade por sua beleza, arborização e ruas planas, mas lamentou pelo comércio ainda manter mercadorias na calçada, o que não era mais costume nas grandes cidades. Felizola, então, determinou ao setor de fiscalização da Prefeitura que passasse por todas as lojas e orientasse os comerciantes a não usar mais as calçadas para exibir suas mercadorias.

 

ESPORTE

Com apoio do deputado federal Jorge Maluly Netto, Felizola conseguiu iluminar o Estádio Adhemar de Barros, por meio de convênio com a Secretaria de Esporte do Estado. Para inaugurar a melhoria, a AEA jogou contra o time oficial do Corinthians, da Capital.

 

SUCESSÃO

Felizola ficou muito popular em Araçatuba. Sua administração marcou época, define Juvenal Paziam. Tamanho prestígio o ajudou a eleger seu vice, Dr. Cotrim, como substituto no comando do Executivo, com boa vantagem de votos. Naquela época, não era permitida a reeleição.

 

HOMENAGEM

Waldir Felizola de Moraes faleceu em 30 de outubro de 1992, em Araçatuba, com 59 anos. Em sua homenagem, uma das avenidas mais movimentadas do município recebeu seu nome.

(18) 3607-6500
Rua Coelho Neto, 73, Vila São Paulo, Araçatuba - SP, CEP: 16015-920
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